O Caminho Velho que partia da cidade de Parati (RJ) passava por São Paulo e seguia até a região das minas, era o trajeto que a Coroa Portuguesa utilizava para explorar e extrair metais preciosos da região das Minas Gerais. Com o aumento da exploração realizada na região e a intensificação do fluxo das tropas que transportavam os carregamentos de ouro e a longa distância percorrida por este trajeto, surgiu, então, através destes fatores, a necessidade de encurtar a distância percorrida entre as Minas Gerais até o litoral.
Para resolver tal infortúnio a Coroa portuguesa elaborou um projeto para criação do Caminho Novo. Quando em torno de 1700/1701 a abertura do Caminho Novo foi iniciada por Garcia Rodrigues Paes, partindo da região da Borda do Campo (atual cidade de Barbacena) atravessando a Serra da Mantiqueira na garganta de João Aires passando em João Gomes (Palmyra), Chapéu D`Uvas, indo até o litoral do Rio de Janeiro. Dessa forma, esta nova rota passaria a ser usada para escoar a produção aurífera com maior facilidade, rapidez e segurança.
Como forma de incentivar o povoamento em torno do Caminho Novo, a Coroa Portuguesa distribuiu sesmarias para nobres e súditos que prestavam serviços a ela. Assim, Domingos Gonçalves Ramos requereu em 26 de fevereiro de 1709 uma sesmaria na região. Como primeiro dono da terra, Domingos Gonçalves Ramos não tardou em ocupá-la, trazendo consigo sua família, escravos e seus dois genros, Pedro Alves de Oliveira e João Gonçalves Chaves.
Na divisão desta sesmaria Pedro Alves adquiriu a parte sul e João Gonçalves Chaves em 1715 empossa-se da sesmaria da parte norte, permanecendo na mesma até 1728. Vendendo-a à João Gomes Martins e sua esposa Clara Maria de Melo, os quais vieram a se tornarem personagens de suma importância para a história do município.
Desta forma, o nome de João Gomes marcou, portanto, a história do município, tendo sua sesmaria um papel fundamental na formação e ocupação da cidade, na qual ficaria conhecida inicialmente como Rocinha de João Gomes, passando a Fazenda de João Gomes, Distrito de João Gomes, João Gomes Velho, Palmyra e atualmente Santos Dumont.
João Gomes e sua esposa trouxeram de sua freguesia originária de Portugal uma imagem de São Miguel e Almas para sua fazenda, construindo entre 1729/1730 em sua propriedade uma Capela de adobe para abrigar a imagem do Santo. Em 1850 a imagem foi transferida para uma Igreja de duas torres. Com um impulso em seu crescimento o distrito de João Gomes foi elevado à categoria de Paróquia segundo a Lei nº 1458 de 31 de dezembro de 1867.
Além da importância verificada pelo traçado do Caminho Novo, outro meio de acesso ao interior mineiro que contribuiu com o desenvolvimento da cidade – entorno de 1870 – foi à construção do ramal da estrada de Ferro D.Pedro II, que passava na região. Por conseqüência desta construção, foi nessa época que o engenheiro Henrique Dumont, pai de Alberto Santos Dumont veio para a região com sua família para realizar a empreitada de construir este ramal, que iria ligar o trecho Mantiqueira a João Aires. Neste local Henrique Dumont "escolheu uma casa de propriedade da própria Ferrovia, de estilo palafita, e nela acomodou sua família bem próximo do canteiro de obras da Ferrovia" (Castello Branco, 1988, p. 47).
Outro fator de fundamental importância para emancipação do município foi a criação do Clube Recreativo e Literário João Gomes que tinha como objetivo, pressionar as autoridades provinciais para a necessidade da autonomia administrativa do Arraial.
A autonomia administrativa foi conquistada em 27 de Julho de 1889, quando "o Barão de Ibituruna, último presidente da Província de Minas Gerais, baixou a Lei nº 3.712 que criou o município de Palmyra" (Castello Branco, 1988, p. 55). Porém a instalação do município ocorreu somente em 15 de Fevereiro de 1890, com a designação dos membros que comporiam a Intendência.
Nas últimas décadas do século XIX e primeiras do século XX, o município recém-emancipado passou por algumas transformações que modificaram suas feições de Arraial: desvios de águas pluviais e alinhamento das ruas (1890), iluminação Pública à querosene (1891), água potável à domicílio (1898), iluminação pública elétrica (1912), etc. A população local cresce. E em seu meio se fazia um expressivo número de imigrantes, em especial portugueses, italianos e libaneses.
Paralelo a esse desenvolvimento, o início de século XX significou para o novo município a sua consolidação como Centro Regional de Comércio, de produção industrial diversificada e, sobretudo, de pólo de criação pecuária leiteira.
Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra passa a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao seu filho mais ilustre, o inventor Alberto Santos Dumont.